Nascido no Brasil, o médico Miguel Nicolelis já foi considerado pela revista Scientific American como um dos 20 cientistas mais influentes do mundo. Neurocientista, Nicolelis estuda o cérebro, órgão responsável pelos nossos movimentos, pensamentos e até pela escrita e leitura deste texto.
Mas o que vem chamando a atenção do mundo e da comunidade científica para os estudos de Miguel Nicolelis são as possibilidades abertas por eles, que incluem a devolução de movimentos a pacientes paraplégicos e tetraplégicos. Para chegar a esse objetivo foi necessário, antes, separar a mente do corpo.
O pensamento é uma onda elétrica pequena, na casa dos milivolts, espalhando-se pelo cérebro durante alguns milissegundos. Apesar de serem tão fracas, podemos medir essas ondas com a ajuda de eletrodos conectados aos cérebros de cobaias. O resultado é um som muito curioso e, em suas palestras, Nicolelis costuma contar que o filho dele define essa “sinfonia” como “pipoca estourando em um forno de micro-ondas com uma estação de rádio AM mal sintonizada ao fundo”.
Mas o que torna essas tempestades cerebrais realmente intrigantes é o fato de que elas são uma espécie de código. Assim, a equipe do neurocientista conseguiu “ler” esses códigos e reproduzi-los em um artefato mecânico, como braços e pernas robóticas, o movimento que o cérebro pretendia executar no corpo do animal, criando assim uma interface cérebro-máquina que dispensava o corpo da cobaia.
As razões para tanta agitação em torno do nome de Miguel Nicolelis vão além. Ao criar essa interface cérebro-máquina, o cientista acredita que é capaz de devolver os movimentos para pacientes paraplégicos ou tetraplégicos.
A razão é que, normalmente, a causa da paralisia dos membros é uma lesão na medula espinal, o que significa que a atividade cerebral continua normal, mas que o “comando” dado por ela não chega até o corpo. Com a separação de corpo e mente seria possível, entretanto, usar a “força do pensamento” para controlar próteses capazes de devolver esses movimentos aos pacientes. É o chamado Walk Again Project (Projeto Andar Novamente, em português), conduzido em parceria entre uma parceria entre instituições dos EUA, Suíça, Alemanha e Brasil.
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