domingo, 28 de fevereiro de 2010

Uma Nova Guerra?

Petróleo do Pré-sal reabre disputa pelas Ilhas Malvinas

Buenos Aires - Até este mês, para muita gente, a Guerra das Malvinas não passava de um capítulo de livros de História. Bastou os britânicos anunciarem que vão procurar petróleo no arquipélago, entretanto, para que a disputa pela soberania das ilhas voltasse à tona. A polêmica chamou a atenção de especialistas militares brasileiros, que analisaram a postura do Brasil no episódio, suas influências no panorama político-militar da região e até observaram que descobertas brasileiras no pré-sal podem ter influenciado o caso.


Quase ninguém acredita que o mal-estar diplomático atual termine em guerra, como em 1982. Entretanto, ele pode trazer consequências para a região. “A Argentina não tem condições de recuperar o território juridicamente nem militarmente. Mas não há dúvidas de que qualquer governo que consiga progressos na negociação sobre a soberania pode ganhar muitos pontos com a população”, diz o coronel do Exército Geraldo Cavagnari, fundador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp.

Cavagnari acredita que as descobertas brasileiras de petróleo em grandes profundidades podem ter motivado os ingleses a buscarem o combustível nas Malvinas, onde, segundo a empresa britânica que fará a extração, acredita-se que possa existir até 60 bilhões de barris.

O coronel também crê num aumento da presença militar britânica perto do continente. “Isso é esperado, assim como a nossa Estratégia Nacional de Defesa prevê aumento do dispositivo de segurança em torno das reservas de petróleo.” Esta semana, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, qualificou como “ameaça real” o suposto envio de submarino por parte de Londres às Malvinas


BUSCA POR NOVAS FONTES

General da reserva e coordenador de estudos e pesquisas do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, Durval Andrade Nery também crê que o pré-sal tenha influenciado os ingleses e observa que a questão energética torna a polêmica atual diferente da que causou a guerra em 1982. “As potências perderam petróleo em países como o Irã e agora buscam outras fontes”, lembra.

Nery elogia a postura do presidente Lula, que questionou frente a outros chefes de estado latinoamericanos a soberania britânica sobre as ilhas. A opinião é compartilhada pelo presidente do Clube Militar, general Gilberto Figueiredo: “É um caso que nos afeta, porque acontece no Mercosul, com outro país em desenvolvimento. Não temos a força militar das grandes potências, mas temos que buscar a união pelas vias diplomáticas”, diz.

Por enquanto, nações se dizem dispostas ao diálogo

Apesar de garantir que seu país tem “todo o direito” de buscar petróleo e que “tomou medidas para proteger” os habitantes das ilhas, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que tentará resolver a questão conversando. Os argentinos, por sua vez, garantem que nunca mais irão guerrear pelas Malvinas, mas anunciaram restrições ao tráfego de navios na região.

Para o professor Marcos Coimbra, que foi chefe da Divisão de Assuntos Econômicos da Escola Superior de Guerra por mais de uma década, uma solução sensata para o caso seria adotar acordo semelhante ao que a Grã-Bretanha fez com a China sobre Hong Kong. “A Inglaterra poderia admitir a soberania argentina, mas devolver o território só após um prazo”.

Morre aos 95 anos o maior colecionador de livros do Brasil

São Paulo - O empresário e bibliófilo José Mindlin morreu neste domingo (28), aos 95 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Mindlin ficou famoso por doar sua biblioteca pessoal para a Universidade de São Paulo (USP), em 2009. Até então o empresário era tido como o maior colecionador particular de livros do País. Segundo a ABL, Mindlin era o quinto ocupante da cadeira 29, eleito em 20 de junho de 2006, na sucessão de Josué Montello.

Biografia
Mindlin nasceu em São Paulo em 8 de setembro de 1914. Formado em direito pela Universidade de São Paulo, foi redator do jornal O Estado de S. Paulo de 1930 a 1934 e advogou até 1950, quando fundou e presidiu a Metal Leve.

Foi casado com Guita Mindlin, que morreu em 25 de junho de 2006. O casal teve quatro filhos: a antropóloga Betty, a designer Diana, o engenheiro Sérgio e a socióloga Sônia.

Mindlin foi membro do Conselho Superior da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) de 1973 a 1974 e de 1975 a 1976, diretor do Conselho de Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, quando estruturou a carreira de pesquisador. Fez parte do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNPq), do Instituto de Pesquisa Tecnológica, e da Comissão Nacional de Tecnologia da Presidência da República, entre outras entidades.

Mindlin recebeu ainda diversas premiações, entre elas, em 2003 o prêmio Unesco Categoria Cultura; a Medalha do Conhecimento concedida pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; prêmio João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras; e, em 1998, o prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano.

O casal formou uma das mais importantes bibliotecas privadas do País, que Mindlin começou a formar aos 13 anos e chegou a ter 38 mil títulos. Em maio de 2006, o casal fez a doação de cerca de 15 mil obras da Biblioteca Brasiliana para a USP. No conjunto doado, constam raridades como documentos do século XVI com as primeiras impressões que padres jesuítas tiveram do Brasil, jornais anteriores à Independência e manuscritos que resgatam a gênese literária de grandes obras, como Sagarana, de Guimarães Rosa, e Vidas Secas,de Graciliano Ramos.

É o autor de Uma Vida entre Livros - Reencontros com o tempo e Memórias Esparsas de uma Biblioteca e lançou em 1998 o CD O Prazer da Poesia.

As informações são do Terra

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